26.2.14
20.2.14
16.2.14
10.2.14
Entrevista com Antônio Cedraz
“Os quadrinhos sempre foram grandes incentivadores de
leitura”
Antônio Cedraz fala sobre a Turma do Xaxado, o início da
carreira e as dificuldades enfrentadas na profissão de quadrinista
por Thuanne Silva (Impressão Digital)
Antônio Cedraz é o autor da Turma do Xaxado, um quadrinho
tipicamente nordestino. Inspirado por sua infância no interior da Bahia, na
cidade de Miguel Camon, criou a famosa turminha. O artista já teve seus
trabalhos publicados nos principais jornais da capital baiana e revistas
lançadas em todo país. Ele também conquistou
diversos prêmios, como no 2º Encontro Nacional de Histórias em Quadrinhos,
realizado em Minas Gerais,
em 1989; quatro troféus HQ MIX (1999, 2001, 2002 e 2003), além do Prêmio Ângelo
Agostini de Mestre do Quadrinho Nacional, dentre outros.
Impressão Digital 126 - Como começou sua carreira de
quadrinista? Conta um pouco sobre sua trajetória e da sua relação com as
histórias em quadrinhos.
Antônio Cedraz – Quando eu descobri o desenho, eu tinha
cerca de 16 anos. Eu fui comprar material escolar em uma papelaria e encontrei
o rapaz desenhando. Ao chegar em casa, peguei papel e lápis e tentei desenhar.
Gostei da experiência e daí em diante não consegui mais parar. Eu já gostava de
quadrinhos e daí para a criação de minhas histórias foi só um pulo. Naquele
tempo só chegava até a cidade revistas publicadas pela EBAL e depois as
revistas de Luluzinha. Mais tarde, eu conheci o trabalho do Maurício de Souza e
me identifiquei muito com o traço dele. Minhas maiores influências foram as
revistas da Luluzinha (Marge) e os desenhos do Maurício [de Souza] que chegavam
através dos cadernos infantis, enrolados a mercadorias e vendidas na feira
livre. Depois vim morar em Salvador para estudar e ver meus trabalhos
publicados nos jornais.
ID 126 – Em que você se inspirou para criar a Turma do
Xaxado?
AC – A Turma do Xaxado nasceu de um pedido do jornalista
Sérgio Mattos para criar um personagem para o caderno Municípios do jornal A
Tarde. Publiquei uma tira com o Xaxado e, devido o sucesso, fui criando o
restante da turma. Depois ele migrou para o Caderno 2 e passou a sair
diariamente o que levou a ter uma maior visibilidade. Em seguida vieram os
livros, cartões telefônicos etc. O Xaxado se parece um pouco comigo, quando
criança no interior.
ID 126 - Quais são os principais desafios em trabalhar com
quadrinhos? Qual sua opinião sobre o mercado brasileiro e, especificamente, o
mercado baiano?
AC – O grande desafio é sobreviver com isso. Poucos são os
que conseguem. Nós temos o hábito de valorizar mais a cultura estrangeira e
isso repercute também nos quadrinhos. Então, tudo que é estrangeiro e publicado
no Brasil é mais valorizado que o similar nacional. Outro fator é que não temos
editoras que queiram investir em quadrinhos brasileiros. Até os jornais,
preferem publicar os quadrinhos estrangeiros. Na Bahia, não existe mercado e
nem incentivo. Temos grupos surgindo mais de forma independente e passando por
dificuldades.
ID 126 – No Brasil, há uma forte ligação dos quadrinistas,
cartunistas e chargistas com a imprensa. Qual sua relação com os jornais, no
sentido de publicação de tirinhas?
AC – Não conseguimos penetrar em muitos jornais. Já promovi
até uma campanha através do meu distribuidor, mas as vendas foram mínimas. É
difícil, principalmente, com uma tirinha nordestina. Parece até que há
preconceito. No entanto, o meu trabalho tem tido uma boa repercussão por ser um
quadrinho bem brasileiro e que procura estar atualizado.
ID 126 – Quais as principais diferenças de se criar uma
narrativa em quadrinhos com relação aos outros tipos de narrativa?
AC – Enquanto o escritor narrador tem que fazer a descrição
das cenas, os quadrinhos tem que mostrar essa cena desenhada. Geralmente,
quando eu escrevo uma história, eu já vou pensando em como serão os quadrinhos.
Vou escrevendo e imaginando.
ID 126 – É possível viver de quadrinhos atualmente? Qual
dica você daria para quem está começando?
AC – Alguns caras conseguem, principalmente os que desenham
para o mercado estrangeiro. O conselho é que façam por amor, mas escolham outro
tipo de emprego para lhe sustentar até que apareça uma oportunidade. Outro
conselho é nunca desistir do sonho e estudar e ler bastante.
ID 126 – Os quadrinhos deixaram de serem vistos como coisa
exclusivamente para criança e estão presentes também em estudos acadêmicos de
diversas áreas. Qual sua opinião sobre esse interesse da academia pelas HQs?
AC – Os quadrinhos sempre foram grandes incentivadores de
leitura e houve tempo em que foram censurados e tidos como non grato pelas
escolas. Mas, descobriu-se o contrário, pois quem lê quadrinhos logo passa a
ler outras publicações. Hoje, ele é estudado por universidades do mundo todo. A
Turma do Xaxado mesmo já foi tema de diversas dissertações, inclusive no
exterior, na Itália.
ID 126 – Novidades relacionadas a Turma do Xaxado?
AC – A Turminha está sempre com novidades. Estamos lançando
a história do Pelourinho em inglês, pela Editora Martin Claret, que já publicou
três livros da turma a nível nacional, está programando novos livros. Tem
também uma série 26 episódios de desenhos animados de um minuto cada que a
Liberato Produções está produzindo. Recebi recentemente o título de Cidadão
Jacobinense e vamos ser homenageados na FLICA deste ano. Vamos também
participar novamente da Bienal do Livro da Bahia com novos lançamentos.
Impressão Digital: produto laboratorial da oficina de jornalismo digital -
Facom | UFBA (publicado em 09 de setembro de 2013)
6.2.14
Mestre dos Quadrinhos: Uma Homenagem a Antonio Cedraz
Dia
10/02, segunda, estará sendo realizada na galeria de arte da RV Cultura e Arte, a
abertura da exposição em homenagem a Cedraz, com vários grandes
artistas que colocaram seus talentos a disposição do evento.
Esses artistas irão receber uma série de cartões postais com todas as artes da exposição.
Local: RV Cultura e Arte
Galeria de arte • Loja de revistas em quadrinhos
Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho, Salvador 071 3347-4929
Abertura - Data: 10/02/2014
A partir das 19 hs
Esses artistas irão receber uma série de cartões postais com todas as artes da exposição.
Local: RV Cultura e Arte
Galeria de arte • Loja de revistas em quadrinhos
Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho, Salvador 071 3347-4929
Abertura - Data: 10/02/2014
A partir das 19 hs
Assinar:
Postagens (Atom)