
O criador da Turma do Xaxado foi um desbravador de sonhos. Nascido numa pequena cidade do interior baiano ele lutou muito para provar que os sonhos são possíveis quando se dedica a eles. Com um mercado atolado em super ele veio mostrar a nossa realidade, nosso costume, o rosto do nosso povo e a identificação com o público leitor foi imediata.
Ele lutou para mostrar seu trabalho na mídia, mas sua trajetória é de luz. Através de suas tirinhas publicadas em jornais e revistas, além do seu site (www.estudiocedraz.com.br) ele começou a ganhar prêmios e menções honrosas em concursos e exposições no Brasil e exterior. E a simplicidade do homem rural continuou em sua vida, sempre acreditando nos seus sonhos.
Antônio Luis Ramos Cedraz, mais conhecido por Cedraz é o nosso quadrinista mais conhecido da Bahia, é o nosso porto seguro, nossa identidade deste mundo globalizado.
Com ele nunca vamos perder nossas raízes, pois ele fala a língua de sua gente simples e humilde. Fazer quadrinhos no Brasil (e ainda mais na Bahia sem tradição de editoras) é possível? Esse rapaz prova que sim, basta acreditar nos sonhos e caminhar com altivez, com seriedade, se aprofundando e se inteirando de todos os recursos que essa arte pode lhe proporcionar.
COMEÇO - “Tudo começou em 1998, quando Sérgio Mattos editor do caderno Municípios, do jornal A Tarde pediu-me para fazer algumas histórias com um personagem interiorano. Levei algumas tiras de Xaxado, imediatamente aceitas e publicadas duas vezes por semana. Logo depois, o personagem migrou para a seção de quadrinhos do jornal e passou a ser publicado diariamente. Depois, vieram cartões telefônicos, revistas em quadrinhos, revistas de atividades, exposições, seis troféus HQ Mix e mais de duas dezenas de livros publicados”, contou Cedraz.
“A Turma do Xaxado mergulha sobre as lendas e sobre a dura realidade do sertão, sem descuidar da crítica social, e produz um resultado tão eclético que às vezes é difícil precisar a que faixa etária se destinam as histórias.
Xaxado agrada igualmente a criança e o adulto. Diverte, ensina e chama à reflexão. Num mercado editorial saturado de criaturas super-qualquer-coisa, que só falam inglês, é um colírio encontrar uma publicação que fale de nossas raízes e dá voz aos que passam por inaceitáveis desamparo em pleno século XXI”, informa Cláudio Oliveira, mestre em Letras que defendeu dissertação sobre A Turma do Xaxado.

A origem da palavra é uma onomatopeia do barulho xa-xa-xa feito pelos dançarinos quando arrastam as alpercatas no chão. Xaxado retrata a vida rural do nordeste mostrando o dia a dia do sertanejo sob os mais diversos aspectos: o dia a dia, a relação com a terra, as lendas e mitos, a seca e muito mais. A simplicidade e originalidade do autor em muito se assemelha aos seus personagens, seja ele Xaxado (o líder da turma, neto de cangaceiro), Zé Pequeno (o preguiçoso), Marieta (sabe-tudo da turminha), Arturzinho (filho de fazendeiro abastado), Seu Enoque e Dona Fulô (pais de Xaxado), entre outros. Eles dão vida, humor e significado também a cultura baiana.