21.1.09

E.T. O Extraterrestre – Uma Análise Diferente - Val Oliveira



Dirigido por Steven Spielberg, em 1982, “E.T.” foi um sucesso de crítica e público, se tornando uma das maiores bilheterias da história. Mas em meio à singela estória do alienígena que se perde no nosso mundo e faz amizade com um garoto, há uma rica variedade de citações e expressividade.


O filme demonstra a comunicação sem palavras, em determinadas passagens, por meios alternativos de linguagem, que incluem sinais. Olhares, e principalmente manifestações de carinho e atenção, entre E.T. e o garoto Elliott, que é solitário no coração de sua família, entre seus irmãos, e encontra a afeição no feioso amigo.


Há um clima de Peter Pan, e Pequeno Príncipe, em relação à infância, que é a melhor época da vida, e que não se deve crescer e perder a inocência, que nos torna puros, e nos mantém em comunhão com a natureza e as coisas mágicas que os adultos não vêem, ou não querem ver, e que as amizades devem ser cultivadas sem se importar com a aparência. E deve ser verdadeira.

Outra citação, que é implícita, é ao filme “O Mágico de Oz”. Mesmo com uma forte ligação, os dois sentem que “não há lugar com o lar”. Isso fica forte na cena final, em que os dois se despedem.


Spielberg consegue mostrar toda a perspectiva infantil, sempre filmando no nível dos olhos das crianças, abusando de closes e zoons, nos carregando para o interior dos sentimentos que são expressados através dos olhares (alegria, surpresa, tristesa, dor...).


A criatura, quando deixada a sós por alguns instantes, se traveste, colocando uma peruca e roupas femininas (é importante lembrar que ele não tem o sexo definido n o filme), e bebe cerveja, ficando embriagado. Tudo isso remete a uma criança descobrindo e experimentando o mundo ao seu redor, sem uma orientação de alguém mais velho.


Spielberg faz certa alusão às imagens católicas. E.T. cura as feridas e reaviva as plantas de seus companheiros, ressuscita após morrer nas mãos de seus captores, voa com seus amigos fugindo do perigo (Cristo caminhou sobre as águas e salvou a embarcação de sues seguidores de uma tormenta), seu coração brilha através do peito, numa espantosa semelhança com imagens de Jesus (“vinde a mim as criancinhas”) e da Virgem Maria. Dessa forma, pode-se dizer que ele abre seu coração, mostrando que emite ternura e amor, apesar de sua aparência.


Os adultos são mostrados como pessoas tristes, mesquinhas , cegas para os sentimentos que maravilham e emocionam as almas livres da maldade.

O filme exige que o expectador se livre da reflexão e o abrace sem restrições, cm o lado emotivo, que é aquele que o leva de volta à infância, que é o estágio onde se sonha em voar, ir ao espaço, cria-se amigos imaginários, sonha-se em ser o (super) herói da turma, e beijar a menina mais bonita da rua (ou da escola). No final, ao se descobrir emocionado, talvez com lágrimas, pode-se ver que no fundo, somos apenas crianças crescidas.