Profissionais falam sobre as dificuldades de se trabalhar
com quadrinhos, sobre os preconceitos e as alternativas para quem deseja
investir na área
Thuanne Silva (Impressão Digital)
Apesar de existirem muitos que trabalham com os quadrinhos,
tirar deles o sustento é bastante difícil, principalmente para os talentos
locais que trabalham de forma independente na Bahia. “O principal desafio de se trabalhar,
especialmente no Bahia, é ter como manter e bancar isso. Raros vivem de sua arte”,
explica Valmar Oliveira. Falta de apoio, visibilidade e respeito são as
principais dificuldades apontadas por ele. “Todos que fazem quadrinhos na
Bahia, fazem por que gostam, por amor. Não há respeito para quem faz isso por
aqui, somos vistos como loucos, excêntricos, nerds, abobados, etc. Resta
cairmos para o ramo da ilustração, propaganda, cartilhas, educação”.
Valmar Oliveira
Não faltam publicações brasileiras, porém, os artistas
reclamam que há a preferência pelo quadrinho estrangeiro no mercado nacional.
“O mercado brasileiro underground, independente, tem muitas publicações, muitos
bons autores, mas o público em sua grande maioria prefere o quadrinho
estrangeiro”, opina Valmar. Luís Augusto concorda: “Creio que o mercado
nacional ainda tem os olhos muito voltados para o que é produzido fora e não vê
estímulos para desenvolver parcerias com artistas locais e fortalecer os nossos
próprios talentos e produções”.

Luís Augusto e seu filho, Ben
Apesar desses tipos de financiamento, ainda há a dificuldade
de distribuição. “Muitos grandes talentos nossos tem conseguido produzir, de
modo praticamente artesanal, a partir de leis de incentivo, edições muito bem
feitas de seus trabalhos, mas estes mesmos artistas tem uma dificuldade enorme
em fazer a distribuição deste trabalho”, avalia Luís Augusto. Esta nova geração
tem se movimentado bastante com a ajuda das redes sociais. “Muitos estão conseguindo
se unir e encontrar espaços para expor e divulgar sua arte, trocar experiências
e continuar acreditando”, opina. “Nos dias de hoje, já não dependemos mais da
publicação impressa e muitos artistas tem se mostrado através da Internet e
nela, alguns tem milhares de seguidores, e só depois do sucesso virtual, esses
artistas estão publicando seus livros”, comenta Lucas Pimenta.
Escolas e universidades – Apesar de ainda existir
preconceito com relação aos quadrinhos, atualmente, eles estão se inserindo cada
vez mais nos ambientes de ensino, como em escolas e universidades. “No exterior
já existem cursos em faculdades voltados para esse universo. Aqui tudo caminha
a passos lentos, mas pouco a pouco acabaremos com esse preconceito”, avalia
Valmar Oliveira, que além de quadrinista, realizou seu TCC e especialização
relacionados ao tema.
Impressão Digital: produto laboratorial da oficina de jornalismo digital -
Facom | UFBA (publicado em 09 de setembro de 2013)