A editora Júpiter II vem se destacando pelo resgate aos personagens e artista do passado em suas publicações.Dentre esses periódicos merecem destaque os clássicos de Westen,a Boca do Inferno,revista especializada em quadrinhos de Horror; Raio Negro do famoso herói de Gedeone Malagola e O Gaúcho do mestre Júlio Shimamoto.
Por Marcos Franco
1- Sei que é um pouco difícil falar de si próprio,mas gostaria que fizesse um breve perfil de quem é José Salles para o leitores que acompanham o Pig Art’s.
Bem, edito fanzines há uns 15 anos, e há coisa de uns cinco eu e o amigo Edu Manzano demos início ao projeto Sm Editora (atual Júpiter II) com o primeiro número do Máscara Noturna, procurando dar um acabamento gráfico mais bonitinho para as nossas produções. Hoje, com ajuda de diversos outros colaboradores, chegamos a 50 gibis publicados.
2- Como e quando surgiu a idéia de criar a editora Júpiter II?
Vide resposta anterior
3- Com um mercado dominado pelos títulos das grandes editoras que publicam os famosos super-heróis norte-americanos e os mangás japoneses você acha que há espaço para os quadrinhos da Júpiter II? Qual a estratégia para vencer essa concorrência desleal?
Estratégia nenhuma. Mesmo porque, os leitores que apreciam os decadentes personagens Marvel/DC, e também os de manga, estão se lixando para os Quadrinhos feitos no Brasil. A intenção é criar um público novo, menos preconceituoso do que é a atual geração de leitores de Quadrinhos.
4 -Qual a periodicidade e os títulos atualmente publicados pela editora?
Basicamente um por mês.
5 -Qual deles vem tendo um melhor retorno do publico leitor e por conta de quais fatores?
O mais vendido de longe é o Raio Negro, muitos leitores que compram as edições do Raio Negro pela Júpiter II se interessam por outros títulos também. Confesso que a repercussão do Máscara Noturna foi muito além do que eu esperava, e não posso reclamar das vendas deste título também. Corcel Negro também é muito procurado – e, ao lado do Raio Negro, creio que seja um dos personagens mais querido junto ao público infanto-juvenil dos nossos gibis.
6 - O Raio Negro foi um personagem que ficou bastante estigmatizado pelo fato de ter sido criado com base em um famoso super-herói norte-americano, você acha que isso já foi superado tendo em vista a sua atual aceitação?O que o levou a investir no personagem?
O que me levou a investir no personagem, foi meu gosto pessoal e minha amizade com o criador Gedeone Malagola. Não fico pensando em estigmas, ideologias alheias, se assim fosse não publicaria gibi algum.
7 –Em vista do falecimento do Gedeone , alguns desenhistas estão fazendo novas historias com base em roteiros novos feitos pelo seu criador. Quando teremos acesso a essa material? E quando acabarem os roteiros do Gedeone? Você ira criar ou contar com ajuda de outros roteiristas?
Ainda neste mês de abril teremos o lançamento do Raio Negro n.9, mostrando roteiro inédito de Gedeone Malagola ilustrado por Valmar Oliveira. Ficou ótimo, Valmar captou perfeitamente o espírito das HQs do Raio Negro, que primam pela simplicidade e despretensiosidade. Quanto a escrever novos roteiros do Raio Negro, não sei, ainda há roteiros a publicar, vou me concentrar nisso, por hora.
8 – Noto que a editora vem realizando um trabalho de resgate com autores e personagens do passado,isso se deve ao saudosismo do seu editor,ou é por falta de bons talentos na atual geração de quadrinhistas nacionais?
Há ótimos quadrinhistas brasileiros ativos nos dias de hoje – e, felizmente, vários deles trabalhando a meu lado, ajudando a Júpiter II. O resgate de personagens antigos não se deve só ao saudosismo, mas também a minha formação de historiador.
9 - Dessa atual safra de artistas, quais você destacaria e porquê?
Ah, são muitos, seria injusto citar só alguns, mesmo alguns autores que adotam estilo que não me agradam, eu os respeito, pois são realmente talentosos.
10- A Júpiter II é uma editora que se propõe exclusivamente a publicar quadrinhos nacionais,qual o critério usado na seleção desse material?
O gosto pessoal do editor conta muito, mas há outros critérios também, especialmente o de divertir o leitor. Durante muito tempo vivi fase materialista-hedonista-egoísta-ateísta e pior, publicava coisas eivadas desses sentimentos nefastos, contagiando, assim, os leitores. Hoje, felizmente superada essa fase longa, enfermiça, que passou, sempre que me debruço sobre um projeto editorial, minha intenção é uma só: divertir e entreter os leitores, e, sempre que possível, passar alguma mensagem edificante.
11 - Alguns roteiros publicados pela editora são de sua própria autoria,como é dividir os papeis de roteirista e editor?
É muito tranqüilo. Como roteirista, é ter a idéia, sentar, escrever, e pronto! Já como editor, é “limpar” as páginas, fazer diagramação, levar material na gráfica, fiscalizar... simples assim.
12- Todo editor também é um leitor por excelência,quais são as suas preferências e o que tem lido ultimamente?
Gosto muito de Quadrinhos clássicos estadunidenses, da Golden Age, dos anos 30 e 40. Nos anos 50, 60 e 70 os norte-americanos produziram coisas ótimas também, de terror, faroeste, ficção científica, as duas primeiras décadas com os novos heróis Marvel foram muito boas, também. De Quadrinhos brasileiros também aprecio muito os personagens criados nos anos 50 a 70, principalmente. Mas acompanho o que foi produzido depois e o que vem sendo produzido atualmente. Gosto do Crânio, do Penitente, Lorde Kramus, da Valkíria, do Crepúsculo, estou achando a revista Tempestade Cerebral uma das melhores produzidas atualmente. Ah, gosto também da Penitência, como não?
Atualmente só tenho comprado nas bancas os gibis da Bonelli Editore... sou um Texmaníaco e é difícil deixar disso, bem como Zagor. Júlia e Mágico Vento também estão ótimos!
13- Por conta da redução de custos, muitos autores independentes vem optando em publicar o seu material na forma digital,você acha que essa forma de vinculação de HQ é válida?Acredita que no futuro ela poderá vir a substituir os quadrinhos convencionais?
Acho que é válido sim, embora eu dificilmente leia HQ no computador. Mas sou um homem pré-internet, pré-computador pessoal, criado por gibis de papel, e provavelmente vou morrer assim. Se algum dia só existirem HQs virtuais, espero já estar passeando no além, quando esse dia chegar.
14- Pra finalizar,sei que é também um grande amante da sétima arte,há alguma possibilidade da editora se aventurar em lançar algo ligado ao gênero?
Por enquanto, não.
15 – Salles,gostaria de agradecê-lo pela entrevista cedida ao nosso blog e também parabenizálo pelo excelente trabalho que vem realizando à frente da JúpiterII.Sucesso cada vez mais,meu amigo.
Obrigado a você, Marcos Franco! E quero vê-lo ainda como colaborador da Júpiter II, hein?
Por Marcos Franco
1- Sei que é um pouco difícil falar de si próprio,mas gostaria que fizesse um breve perfil de quem é José Salles para o leitores que acompanham o Pig Art’s.
Bem, edito fanzines há uns 15 anos, e há coisa de uns cinco eu e o amigo Edu Manzano demos início ao projeto Sm Editora (atual Júpiter II) com o primeiro número do Máscara Noturna, procurando dar um acabamento gráfico mais bonitinho para as nossas produções. Hoje, com ajuda de diversos outros colaboradores, chegamos a 50 gibis publicados.
2- Como e quando surgiu a idéia de criar a editora Júpiter II?
Vide resposta anterior
3- Com um mercado dominado pelos títulos das grandes editoras que publicam os famosos super-heróis norte-americanos e os mangás japoneses você acha que há espaço para os quadrinhos da Júpiter II? Qual a estratégia para vencer essa concorrência desleal?
Estratégia nenhuma. Mesmo porque, os leitores que apreciam os decadentes personagens Marvel/DC, e também os de manga, estão se lixando para os Quadrinhos feitos no Brasil. A intenção é criar um público novo, menos preconceituoso do que é a atual geração de leitores de Quadrinhos.
4 -Qual a periodicidade e os títulos atualmente publicados pela editora?
Basicamente um por mês.
5 -Qual deles vem tendo um melhor retorno do publico leitor e por conta de quais fatores?
O mais vendido de longe é o Raio Negro, muitos leitores que compram as edições do Raio Negro pela Júpiter II se interessam por outros títulos também. Confesso que a repercussão do Máscara Noturna foi muito além do que eu esperava, e não posso reclamar das vendas deste título também. Corcel Negro também é muito procurado – e, ao lado do Raio Negro, creio que seja um dos personagens mais querido junto ao público infanto-juvenil dos nossos gibis.
6 - O Raio Negro foi um personagem que ficou bastante estigmatizado pelo fato de ter sido criado com base em um famoso super-herói norte-americano, você acha que isso já foi superado tendo em vista a sua atual aceitação?O que o levou a investir no personagem?
O que me levou a investir no personagem, foi meu gosto pessoal e minha amizade com o criador Gedeone Malagola. Não fico pensando em estigmas, ideologias alheias, se assim fosse não publicaria gibi algum.
7 –Em vista do falecimento do Gedeone , alguns desenhistas estão fazendo novas historias com base em roteiros novos feitos pelo seu criador. Quando teremos acesso a essa material? E quando acabarem os roteiros do Gedeone? Você ira criar ou contar com ajuda de outros roteiristas?
Ainda neste mês de abril teremos o lançamento do Raio Negro n.9, mostrando roteiro inédito de Gedeone Malagola ilustrado por Valmar Oliveira. Ficou ótimo, Valmar captou perfeitamente o espírito das HQs do Raio Negro, que primam pela simplicidade e despretensiosidade. Quanto a escrever novos roteiros do Raio Negro, não sei, ainda há roteiros a publicar, vou me concentrar nisso, por hora.
8 – Noto que a editora vem realizando um trabalho de resgate com autores e personagens do passado,isso se deve ao saudosismo do seu editor,ou é por falta de bons talentos na atual geração de quadrinhistas nacionais?
Há ótimos quadrinhistas brasileiros ativos nos dias de hoje – e, felizmente, vários deles trabalhando a meu lado, ajudando a Júpiter II. O resgate de personagens antigos não se deve só ao saudosismo, mas também a minha formação de historiador.
9 - Dessa atual safra de artistas, quais você destacaria e porquê?
Ah, são muitos, seria injusto citar só alguns, mesmo alguns autores que adotam estilo que não me agradam, eu os respeito, pois são realmente talentosos.
10- A Júpiter II é uma editora que se propõe exclusivamente a publicar quadrinhos nacionais,qual o critério usado na seleção desse material?
O gosto pessoal do editor conta muito, mas há outros critérios também, especialmente o de divertir o leitor. Durante muito tempo vivi fase materialista-hedonista-egoísta-ateísta e pior, publicava coisas eivadas desses sentimentos nefastos, contagiando, assim, os leitores. Hoje, felizmente superada essa fase longa, enfermiça, que passou, sempre que me debruço sobre um projeto editorial, minha intenção é uma só: divertir e entreter os leitores, e, sempre que possível, passar alguma mensagem edificante.
11 - Alguns roteiros publicados pela editora são de sua própria autoria,como é dividir os papeis de roteirista e editor?
É muito tranqüilo. Como roteirista, é ter a idéia, sentar, escrever, e pronto! Já como editor, é “limpar” as páginas, fazer diagramação, levar material na gráfica, fiscalizar... simples assim.
12- Todo editor também é um leitor por excelência,quais são as suas preferências e o que tem lido ultimamente?
Gosto muito de Quadrinhos clássicos estadunidenses, da Golden Age, dos anos 30 e 40. Nos anos 50, 60 e 70 os norte-americanos produziram coisas ótimas também, de terror, faroeste, ficção científica, as duas primeiras décadas com os novos heróis Marvel foram muito boas, também. De Quadrinhos brasileiros também aprecio muito os personagens criados nos anos 50 a 70, principalmente. Mas acompanho o que foi produzido depois e o que vem sendo produzido atualmente. Gosto do Crânio, do Penitente, Lorde Kramus, da Valkíria, do Crepúsculo, estou achando a revista Tempestade Cerebral uma das melhores produzidas atualmente. Ah, gosto também da Penitência, como não?
Atualmente só tenho comprado nas bancas os gibis da Bonelli Editore... sou um Texmaníaco e é difícil deixar disso, bem como Zagor. Júlia e Mágico Vento também estão ótimos!
13- Por conta da redução de custos, muitos autores independentes vem optando em publicar o seu material na forma digital,você acha que essa forma de vinculação de HQ é válida?Acredita que no futuro ela poderá vir a substituir os quadrinhos convencionais?
Acho que é válido sim, embora eu dificilmente leia HQ no computador. Mas sou um homem pré-internet, pré-computador pessoal, criado por gibis de papel, e provavelmente vou morrer assim. Se algum dia só existirem HQs virtuais, espero já estar passeando no além, quando esse dia chegar.
14- Pra finalizar,sei que é também um grande amante da sétima arte,há alguma possibilidade da editora se aventurar em lançar algo ligado ao gênero?
Por enquanto, não.
15 – Salles,gostaria de agradecê-lo pela entrevista cedida ao nosso blog e também parabenizálo pelo excelente trabalho que vem realizando à frente da JúpiterII.Sucesso cada vez mais,meu amigo.
Obrigado a você, Marcos Franco! E quero vê-lo ainda como colaborador da Júpiter II, hein?